N o campo da poesia, destacam-se o já citado precursor Bento Teixeira, seguido de Manuel Botelho de Oliveira, autor de Música do Parnaso, o primeiro livro impresso de autor nascido no Brasil, uma coletânea de poemas em português e espanhol em rigorosa orientação cultista e conceptista, afim da poesia de Góngora, e mais tarde o frei Manuel de Santa Maria, da escola camoniana. Mas o maior poeta do barroco brasileiro é Gregório de Matos, da grande veia satírica, e igualmente penetrante na religião, na filosofia e no amor, muitas vezes de crua carga erótica. Também fez uso de uma linguagem culta e cheia de figuras de linguagem. Foi apelidado de O Boca do Inferno por suas críticas mordazes aos costumes da época. Na sua lírica religiosa os problemas do pecado e da culpa são importantes, como é o conflito da paixão com a dimensão espiritual do amor.
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- Se basta a vos irar tanto pecado,
- a abrandar-vos sobeja um só gemido:
- que a mesma culpa, que vos há ofendido
- vos tem para o perdão lisonjeado.
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- Se uma ovelha perdida, e já cobrada
- glória tal e prazer tão repentino
- vos deu, como afirmais na sacra história,
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- eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
- cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
- perder na vossa ovelha, a vossa glória
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